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Pandemia aproxima até mesmo os mais leigos da Filosofia e traz aprendizados


16 de junho de 2020

Pessoas de todas as idades, no mundo inteiro, conversam sobre a pandemia de Covid-19, mas será que a maioria tem noção que ao realizar questionamentos sobre o vírus e buscar soluções mesmo que não científicas está colocando em prática a Filosofia?

Segundo o professor de Filosofia e coordenador do Sepam Vestibulares, em Ponta Grossa (PR), Yuri Sócrates Saleh Hichmeh, a Filosofia sempre teve ligação com as crises. “A pandemia é uma crise de saúde, social e econômica e o principal gatilho da Filosofia é a dúvida, então em momento de mais dúvidas é que as pessoas vão questionar a sociedade, a política, entre outros campos”, explica.

Yuri afirma que a Filosofia é o questionamento sobre o assunto. “É o ato de questionar e desenvolver racionalidade, tentando achar resoluções contundentes para questões que se levantou. A Filosofia impacta no coletivo”, garante.

Pensar coletivamente neste momento de pandemia, de acordo com ele, é uma das principais saídas. “Não só na pandemia, mas em outras crises o pensamento global significa se colocar no lugar do outro e adotar uma medida preventiva de usar máscara e álcool em gel é proteger a si e ao próximo, é não levar a doença adianta”, diz.

Para o professor, a pandemia é uma oportunidade de aprendizado. “Estamos perdendo uma oportunidade de ouro para refletir sobre aspectos da conduta humana, das organizações econômica e política, do papel das nossas lideranças e o mais importante de usar a Filosofia para entendimento do próprio indivíduo, entender o que significa ter mais tempo par si, passar mais tempo no lar, o que vem a ser utilizar de forma inteligente o ócio e produzir a partir dele, essas são questões fundamentais que estão sendo pouco discutidas”, fala.

O professor recomenda boas leituras nesse momento, entre elas as obras do escritor sul-coreano, Byung Chul Han, que ajudam a compreender a dinâmica do ser humano. O autor é crítico de como a sociedade é obcecada pela produtividade e está sempre disposta a mostrar que as pessoas nunca estão ociosas. “É realidade que vivemos essa obsessão de mostrar serviço e isso gera um esgotamento físico e principalmente emocional. É a sociedade valorizando o desgaste mais do que o dinheiro, então o autor faz uma crítica descrevendo essa ansiedade e é justamente o que as pessoas estão vivendo nesse momento, onde chega um vírus e obriga todos a ficarem em casa, tendo que se reinventar, gerando uma angústia que vai contra o princípio da sociedade do cansaço”, diz.