21 de agosto de 2020
Efeitos da pandemia nas crianças serão diretamente ligados à maneira como os pais explicam sobre a situação
Todos já ouvimos falar que os filhos se espelham nos pais, seja no modo de falar, agir e se relacionar. Mas será que em tempos de pandemia é diferente? Muito pelo contrário! Devido à necessidade de isolamento social as pessoas estão passando a maior parte do tempo dentro de suas casas e as crianças estão atentas a tudo. E até que ponto a nova realidade está mexendo com a saúde mental das crianças? Como fazer para que elas entendam que hora ou outra voltarão para a escola, ao convívio dos amigos, a brincar no parque, e os pais ficarão menos tempo em casa?
Para a psicóloga, Renata Moreira, os efeitos da pandemia nas crianças serão diretamente ligados à maneira como os pais explicam sobre a situação atual, como elas estão reagindo e percebem esse momento. “Danos emocionais podem existir sim, mas estão relacionados muito mais com a forma como os adultos estão conduzindo essa situação do que com as limitações que o próprio isolamento social impõe. As crianças podem sentir medo, irritação, desenvolver ansiedade, insegurança, dificuldade em separar-se dos pais, tristeza acentuada, entre tantas outras dificuldades”, explica.
No entanto, a psicóloga observa que as pessoas crescem na adversidade. “Não conseguimos evitar que nossos filhos enfrentem situações difíceis na vida, e nem devemos fazer isso. Precisamos ensiná-los a enfrentar as dores do mundo, precisamos aproveitar essas situações para desenvolver a capacidade de resiliência em nossos filhos, cercando-os de fatores protetivos como, por exemplo, apoio, carinho, incentivo e ajuda”, completa Renata.
Voltando à escola
Para a coordenadora pedagógica do Colégio Pontagrossense Sepam, Kátia Gisele Costa, os pais devem, neste momento, preparar as crianças menores para o retorno à escola, mesmo não se tendo uma definição de quando isso realmente acontecerá.
As orientações devem contemplar ações simples, como não abraçar, beijar ou compartilhar colegas nessa fase de contato físico reduzido, já que as crianças agem por impulsividade. Outro detalhe importante é o ato de lavar as mãos com frequência utilizando água e sabão. “As crianças precisam ouvir, em casa, os adultos falando sobre essas recomendações para se acostumarem pois voltarão ansiosas e os professores estarão monitorando e colocando as limitações o tempo todo. Precisamos da ajuda dos pais para que a rotina da escola seja mais leve no retorno. É importante que estas ações se tornem hábitos e que as crianças entendam, desde já, o que não podem fazer”, explica a coordenadora.
O uso da máscara de proteção também deve ser assunto nos lares. “Os pais podem ajudar fazendo a criança usar a máscara em casa, numa estratégia de tempo progressivo, sendo no primeiro dia um minuto de uso, no segundo dois minutos e meio, depois quatro, e também lançar desafios, como assistir aos desenhos, do início ao fim, usando a máscara, assim as crianças irão se habituando”, orienta Kátia.