25 de agosto de 2022
Por Kátia Gisele Costa
Cuidar de criança requer uma rede de ajuda e proteção que trabalha articuladamente desde os primeiros cuidados, que são relativos à integridade física, até os detalhes que não são visíveis aos olhos, como as emoções por exemplo.
Respeitar o desenvolvimento e a saúde emocional das crianças significa dar atenção e importância aos espaços, brincadeiras, ao tempo de qualidade e à escuta, que atualmente se faz tão escassa em uma sociedade com muitos compromissos “na tela do celular”. As escolas acabam se responsabilizando por boa parte do dia da criança, e lá ela brinca, fala, enfrenta desafios, aprende a dividir espaços e brinquedos, vive experiências de fracasso e de sucesso. É no entanto fundamental que o ambiente familiar também propicie para as crianças a oportunidade de falar, discordar, reclamar e encontrar apoio para divertir-se e mesmo para chorar, quando necessário.
Uma dor de barriga sem causa aparente pode ser nervosismo; um choro repentino, unhas roídas, podem ser ansiedade; a falta de atenção e de interesse, a intolerância podem sinalizar que algo não está bem e nós, adultos, pais e mães não podemos ignorar esses sinais. As crianças, muitas vezes, não sabem verbalizar o que estão sentindo e passando, por isso, os sintomas físicos aparecem como uma espécie de válvula de escape.
Na escola as professoras estão atentas aos sintomas de bem e mal-estar de modo que durante as brincadeiras e interações conseguem perceber situações de fragilidade emocional, cansaço ou desinteresse. Da escola, através do professor ou do coordenador pedagógico, os pais ouvem conselhos de como prestar atenção na saúde emocional das crianças. Sobrecarregá-las com atividades físicas em excesso por exemplo não é saudável. Esperar delas somente resultados de vitória é ainda mais prejudicial. Criança precisa de tempo para brincar, tempo para pensar o que quer fazer e saber responder o porquê não quer. Não respeitar essa individualidade é infringir o direito de cultivo de uma boa saúde emocional.
É claro que, às vezes, a criança usa seus “pseudos sintomas” em benefício próprio, principalmente quando percebe que os pais fazem o que ela quer quando diz que está com dor de barriga, por exemplo. É importante estar atentos às artimanhas capciosas que fazem parte do universo inteligente da mente infantil. Os pedagogos e psicólogos podem ajudar os pais a decifrarem o que é realmente um sintoma e o que é uma desculpa para escapar de um compromisso ou para controlar as emoções e reações.
Cuidar das crianças e do desenvolvimento delas é uma tarefa coletiva e todos nós podemos ajudar prestando atenção no que elas têm para nos dizer. Tratar uma criança com respeito significa preparar um adulto respeitador. Dar limites e instruções de boa conduta é tarefa do adulto nessa relação. Ser aliado e parceiro da escola na educação do seu filho traz ganhos a todos e um futuro promissor para as crianças. Aprender a falar sobre o que sentem é o melhor exercício que os adultos podem proporcionar às crianças com as quais convivem. Assim fazendo, por certo, teremos no futuro adultos colaborativos e uma sociedade próspera.
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Katia Gisele Costa é Pedagoga pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e Mestre em Educação pela Universidade do Minho (Portugal). É Coordenadora Pedagógica – Educação Infantil no Colégio Pontagrossense SEPAM, de Ponta Grossa-PR.