12 de janeiro de 2022
Por Kátia Gisele Costa
Desde 1996 a Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica brasileira. Aquela ideia de que para criancinhas qualquer coisa serve caiu por terra desde 1988, com a Constituição. Hoje, o professor de criança pequena precisa ser qualificado e entrar num ciclo de cuidar enquanto educa e educar enquanto cuida. A Educação Infantil é um ambiente escolar sério que requer profissionalismo e atenção, não é uma escolinha.
Algumas famílias matriculam o filho na Educação Infantil para ele brincar com outras crianças e esta é uma fala comum, visto que no Brasil a taxa de natalidade vem decrescendo a cada ano e aquele modelo de casa cheia de crianças fica cada vez mais raro, portanto, a escola é o ambiente de concentração de crianças e a interação social ainda é o maior potencializador do desenvolvimento delas.
As brincadeiras e as interações são os dois eixos que regem o trabalho pedagógico da Educação Infantil e esses eixos não estão ligados ao que os professores conseguem fazer com crianças pequenas, mas sim ao que as crianças fazem de melhor enquanto são pequenas. As interações e as brincadeiras relacionam-se às oportunidades que elas têm de aprender a conviver, a explorar, a participar e a conhecer-se. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em vigor desde 2017, é o primeiro documento legal que traz os interesses da criança para as intencionalidades das ações, porque até então os documentos eram voltados para regulamentar a ação docente. Sendo assim, ao escolher uma escola de Educação Infantil para o seu filho analise se ela oportuniza as brincadeiras, se dentro do seu currículo tem espaço para dramatizar, cantar, dançar, ir ao parque, contar novidades aos seus amigos, levar seu brinquedo favorito uma vez ou outra, pois essas ações fazem parte de um cotidiano infantil rico, dinâmico e estimulador.
Pesquisadores da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, realizaram em 1986 um estudo com dois grupos de crianças (o que frequentava a educação infantil e o que ingressava diretamente no ensino fundamental). Ao acompanhar durante duas décadas e meia o crescimento destas crianças, descobriram que ter contato desde cedo com um ambiente escolar de qualidade pode ter imensos impactos positivos na saúde, na qualidade de vida, no mercado de trabalho e nos aspectos socioculturais.
Uma escola de Educação Infantil séria e comprometida está preocupada com tudo isso. Preocupamo-nos com a qualidade das interações, com a alegria das crianças, com as intenções das brincadeiras, com a inserção das regras de boa convivência, com os processos de alfabetização, mas acima de tudo, uma Educação Infantil de qualidade respeita a criança, deixa que ela brinque e conviva o quanto quiser, pois entende que as relações de afeto e de confiança farão dela uma pessoa feliz, um sujeito questionador, explorador, curioso e gestor do seu próprio desenvolvimento, portanto, não chame a Educação Infantil de escolinha, porque ela é grande e promissora.
Link para a conhecer a pesquisa: Universidade de Missouri, nos Estados Unidos
Katia Gisele Costa é Pedagoga pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e Mestre em Educação pela Universidade do Minho (Portugal). É Coordenadora Pedagógica – Educação Infantil no Colégio Pontagrossense SEPAM, de Ponta Grossa-PR.