8 de junho de 2018
Por Talita Moretto
Tablets, smartphones, wi-fi, hiperlinks, virtualidade, gamificação, Labs, Makers… as nomenclaturas, metodologias, novidades e tendências são muitas, mas o quanto precisamos de tudo isso na educação? Até que ponto a adoção de novas metodologias de ensino pode superar as dificuldades que a escola em relação à estrutura adequada ao perfil da atual geração de estudantes? Mudar a configuração da sala de aula, adotar práticas mais informais de ensino, realmente, reflete em uma potencialização dos métodos tradicionais de educação?
De fato, é urgente pensar em estratégias que engajem os estudantes nativos digitais. O aluno que hoje ocupa as carteiras da escola já entra na sala de aula portando um dispositivo móvel, possuidor de uma vivência tecnológica robusta, com muitas ideias e um turbilhão de informações, contudo, pouca maturidade e pouca preparação para lidar com tudo isso. Despeja então no professor, tentando adequar o seu mundo ao conteúdo pedagógico, nem sempre preparado para o inverso.
O problema é que algumas metodologias, por carregarem nomenclaturas específicas, ficam obscuras para os professores que, por vezes, ignoram que eles próprios já levam essas inovações para suas aulas. E como isso acontece? De maneira natural. Conforme a sociedade vai colocando novas opções de recursos, involuntariamente, a população adota-os no dia a dia, em casa, nos momentos de lazer e no trabalho também.
Uma das tendências é o Blended-Learning, também conhecido como B-Learning ou Ensino Híbrido (em português), que é a “mistura” de atividades presenciais com atividades a distância. O B-Learning permite ao professor ampliar sua sala de aula, oportunizando uma aprendizagem colaborativa. Não se trata de abandonar espaços, mas unificá-los.
Podemos citar também a Flipped Classroom, ou Sala de Aula Invertida, cujo intuito é inverter a “lógica” da sala permitindo que os alunos tenham contato com o conteúdo antes da aula presencial; pode ser através de artigos, vídeos, games, objetos digitais diversos. Desta forma, o aluno já adquire conhecimento previamente sobre o conteúdo/assunto e utiliza o espaço físico da sala de aula para tirar as dúvidas e fixar o que aprendeu, tendo apoio dos colegas e dos professores, que passam a ser mediadores, facilitadores na construção do conhecimento.
Neste universo aberto e colaborativo, encontramos alguns recursos disponibilizados online de forma gratuita, como os REAs – Recursos Educacionais Abertos; materiais de ensino que estão sob domínio público, na Internet. Os REAs atuam na perspectiva de que o conteúdo precisa estar disponível e ser distribuído democraticamente para colaborar com o desenvolvimento das pessoas.
Todas essas novas metodologias e tendências atuam sob a perspectiva da chamada “Aprendizagem Informal”, que é caracterizada pela não necessidade de estarmos em um local específico e físico para aprendermos. Podemos aprender da forma que quisermos e no nosso ritmo. Claro que este formato de aprendizagem ainda não é muito empregado nas escolas brasileiras, pois implica em dar ao aluno liberdade para escolher o que ele quer aprender, e ainda não estamos preparados para isso. Mas é importante ler, conhecer, aprender e tentar aplicar para medir resultados.
Sugestão: Edutopia – projeto desenvolvido na California/EUA, idealizado pela George Lucas Educational Foundation (GLEF). É baseado em métodos atuais e inovadores, que englobam aprendizado emocional, b-Learning, aprendizado com jogos, integração com a tecnologia, e outros. No canal, são divulgadas várias experiências bem-sucedidas de escolas que já atuam com a Edutopia.
Talita Moretto é Gerente de Tecnologia Educacional no Colégio SEPAM – Ponta Grossa-PR. Mestre em educação e tecnologias digitais pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (Portugal), atua nas interfaces mídia-educação e tecnologias-educação, desde 2008. É idealizadora e diretora do Sala Aberta – Criatividade, Liberdade e Inovação (salaaberta.com.br).