11 de março de 2019
Por Katia Gisele Costa
Chegado o segundo semestre! Crianças muito adaptadas à escola; o frio já deu uma trégua; a maioria dos pequenos já não precisa de tampa nos copos pois não derramam mais o suco no uniforme; muitas palavras já podem ser ouvidas com fluência nas salinhas de infantil 2 e 3; e olhando assim, parece até que cresceram tudo o que tinham para crescer em menos de um ano letivo. Diante deste cenário mirim tão evoluído, as mães começam a se preparar para um período um pouco nebuloso nessa fase: o desfralde.
Este texto traz o assunto para ser refletido com atenção e para que as mães entendam que não há uma receita e nem um momento exato para desvendar os mistérios que envolvem o banheiro, o xixi e o cocô. Este é um período que demanda tempo e atenção por parte do adulto pois para iniciar o desfralde é importante que a criança já tenha demonstrado alguns sinais, pois é a criança que precisa sinalizar que está na hora do desfralde e não o adulto.
Alguns sinais que as famílias podem considerar importantes para iniciar a caminhada ao banheiro podem ser: 1) A criança se sente incomodada com a fralda e fica puxando ou tentando tirar. 2) Dorme e acorda com a fralda seca por vários dias seguidos. 3) Todas as vezes que faz xixi ou cocô chora e pede para ser trocada demonstrando desconforto.
A partir do momento que a família resolve preparar as cuecas e calcinhas aparecem os pitacos de toda natureza mas o importante é saber que cada criança reage de maneira singular nesta fase. Vale encarar os pitacos como dicas e não como regras. Vejamos alguns pitacos que aparecem com frequência: “Quando a criança consegue pular com os dois pés já pode sair das fraldas”. “Só pode iniciar o desfralde se a criança já estiver falando.” “Se está difícil o desfralde é porque a criança desenvolveu trauma do vaso sanitário.” “Meninas saem das fraldas mais cedo.”
O ideal é que os pais tentem interpretar as dicas de forma lógica, por exemplo: pular com os dois pés representa que a criança já tem bom equilíbrio e, portanto, já consegue controlar estímulos e vontades o que pode estar ligado ao controle esfincteriano. A oralidade facilita qualquer processo e pode também tornar mais fácil o desfralde na medida em que a criança responde se a mãe perguntar: Quer fazer xixi? Os traumas estão associados aos medos ou sustos; então pode ser qua a criança tenha passado por alguma experiência negativa no banheiro o que pode atrasar um pouquinho o processo, mas o penico e os estímulos positivos ajudam a ultrapassar estes pequenos contratempos. Já o fato de os meninos terem mais dificuldade para sair das fraldas é mito comprovado. Outro cuidado que precisamos ter é com o excesso das comemorações no banheiro, pois no momento em que a criança não conseguir fazer o xixi ou o cocô no lugar indicado pode pensar que está desapontando o papai ou a mamãe. O ideal é que as coisas aconteçam naturalmente. Podemos parabenizar a criança sim, afinal ela merece, é uma conquista, mas tudo sem exagero.
Como podemos ver, o caminho ao banheiro possui alguns pequenos obstáculos, e tanto crianças quanto adultos ultrapassam as barreiras aprendendo juntos. Mesmo as mães de segunda ou de terceira viagem (como eu) não conseguem garantir o sucesso já na largada, pois não é uma questão de experiência e não está ligado à idade da criança e sim ao amadurecimento emocional e físico. Esta é uma fase importante na vida da criança, uma fase de ganho de autonomia e de autoconfiança e deve ser ultrapassada sem pressa e sem regras.
Katia Gisele Costa é Pedagoga pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e Mestre em Educação pela Universidade do Minho (Portugal). É Coordenadora Pedagógica – Educação Infantil no Colégio Pontagrossense SEPAM, de Ponta Grossa-PR.